A audição é um dos sentidos de grande importância para o processo de aprendizagem de fala e linguagem oral, bem como para o aprendizado da linguagem escrita.
As nossas orelhas são as portas de entrada, que dão acesso ao cérebro, encaminhando adequadamente as sons do mundo e da fala ao córtex auditivo. É por meio dessas portas auditivas, que a criança vai desenvolver a linguagem oral e escrita, aprender novos conceitos, ampliar seu vocabulário e estabelecer suas relações sociais e emocionais.
O processo de alfabetização está intrinsecamente relacionado à audição, dependendo da boa acuidade auditiva, bem como do bom desenvolvimento das habilidades auditivas.
A integridade do sistema auditivo periférico e central, permitem ao indivíduo o acesso ao mundo sonoro, aos sons da língua materna, garantido assim, um melhor desenvolvimento da habilidade de processar partes que compõem as palavras, a percepção de fonemas, sílabas, entonação e o processo de aprendizado da relação de som/ letra, importantes pré-requisitos para a aquisição da leitura e escrita.
Especialmente durante a alfabetização, a audição tem um papel fundamental, para que esse processo se dê adequadamente, e o indivíduo consiga fazer a transposição dos sons da fala (os fonemas) para os códigos gráficos (os grafemas).
Quando a percepção auditiva está alterada, seja por uma perda auditiva de grau mínimo, leve, moderado ou severo/ profundo, temporária ou permanente, seja por falhas no processamento auditivo central, o aluno não operará adequadamente a associação fonema-grafema, apresentando dificuldades na leitura e escrita, confusões entre sons muito semelhantes auditivamente, como no caso dos pares mínimos, tais como os fonemas /f/ e /v/, ou entre /t/ e d/, por exemplo.
A perda auditiva também tem um impacto negativo no foco e atenção, já que a voz do professor chega com pouca intensidade, devido à barreira criada pela perda auditivo. Nesses casos o aluno apresentará muita dificuldade na concentração, em realizar um ditado, ou compreender histórias.
Esse tipo de aluno é, portanto muito desatento, disperso, ou apático e frequentemente é atribuído à essa desatenção o seu fracasso escolar.
Em alguns tipos de patologias do ouvido, a perda auditiva é muito discreta e silenciosa e os únicos indicadores são:
A desatenção, o esforço auditivo, o cansaço, a irritabilidade, a fala em alta ou baixa intensidade, a hiperatividade, o falar pouco, a necessidade de aumentar a intensidade da fonte sonora (rádio, televisão). Nestes casos o olhar atento do professor e dos pais é fundamental.
As otites médias em crianças pré-escolares e escolares, são mais comuns do que se imagina.
De acordo com Susan e James Jerger (1982), a otite média é mais frequente em crianças de 6 a 24 meses e entre 4 e 6 anos de idade. Aproximadamente 80% dos casos acometidos são em crianças com menos de 5 anos.
As otites podem ser insidiosas e se instalar de forma silenciosa, sem causar dor, febre ou maiores desconfortos.
A prevenção é o melhor caminho:
A prevenção das perdas auditivas pode ser feita, através de uma boa orientação a pais e professores e diminuição dos fatores de risco.
Professores e pais atentos podem auxiliar na observação comportamental da criança e nos encaminhamentos, para a detecção precoce das perdas auditivas, por meio da avaliação de um profissional fonoaudiólogo.
A detecção precoce favorece a minimização de sequelas dos transtornos auditivos, por meio de programa de estimulação auditiva adequado.
Dessa forma, recomenda-se que toda criança em idade pré-escolar e escolar seja submetida à avaliação audiológica básica, ao menos uma vez por ano, ou sempre que tiver qualquer sintoma.
Raquel Munhoz, CRFa 2-5488
Fonoaudióloga Especialista em Audiologia Clínica pelo Cediau e Responsável Técnica no Núcleo de Audiologia
Título de Especialista em Audiologia pelo CFFa 2079-03
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