A adaptação de próteses auditivas em bebês e crianças pequenas, é pautada por alguns princípios diferentes da adaptação em adultos e idosos.
As boas práticas em audiologia têm recomendações pautadas em evidências, definindo protocolos com etapas e características que precisam ser seguidos, pelo fonoaudiólogo que está selecionando e adaptando os aparelhos no público infantil.
As características anatômicas das orelhas do bebê e da criança pequena, são muito diferentes das encontradas na população adulta e interferem diretamente nos ajustes sugeridos pelos softwares das próteses auditivas. O pequeno volume do meato acústico externo infantil, influencia diretamente nos níveis de pressão sonora (NPS), quando esses são obtidas dentro da orelha da criança.
Considerando que quanto menor for o volume do conduto auditiva externo, maior será o nível de pressão sonora dentro dele, faz-se necessária a realização de medidas específicas e objetivas, que permitam ao profissional ajustar adequadamente as próteses auditivas.
O RECD ( Real Ear Coupler Differnece ) descrito como a “Diferença entre Orelha Real e Acoplador de 2cc” é uma dessas medidas objetivas, realizada com microfone sonda, na orelha da criança, que permite obter a diferença do NPS ( nível de pressão sonora) gerado no meato acústico externo da criança e a medida do NPS gerado no acoplador de 2cc diante de um sinal de entrada igual.
Essa diferença auxilia o profissional na realização de ajustes mais adequados, que permitam o melhor acesso aos sons da fala, e, ao mesmo tempo que sejam seguros, evitando riscos de super amplificação.
Vale ressaltar que essa medida precisa ser repetida, ao longo do crescimento da criança, visto que o volume da orelha também aumentará durante os primeiros anos de vida, fazendo-se necessária a troca de moldes auriculares, o que irá interferir nos níveis de pressão sonora e, por consequência, nos ajustes das próteses auditivas.
Recomenda-se que a RECD seja obtida com o fone de inserção e molde personalizado da criança, sendo a reavaliação feita a cada troca do molde auricular.
Raquel Munhoz, CRFa 2-5488
Fonoaudióloga Especialista em Audiologia Clínica pelo Cediau e Responsável Técnica no Núcleo de Audiologia
Título de Especialista em Audiologia pelo CFFa 2079-03
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