Autismo e Perda Auditiva, a Importância do Diagnóstico Diferencial

Autismo e Perda Auditiva, a Importância do Diagnóstico Diferencial

O autismo é descrito, no mais recente o DSM-5, como um distúrbio de desenvolvimento que leva a severos comprometimentos de comunicação social, comportamentos restritivos e repetitivos, que se iniciam nos primeiros anos de vida.

Dentre os quadros que compõem os transtornos do espectro autístico, estão o autismo infantil, a síndrome de Asperger, e o transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação.

O déficit severo de comunicação e interação social, além de padrões de comportamento estereotipados são características apresentadas pelo autista. Para os pais, muitas vezes, essas são as caraterísticas que ficam mais evidentes, em consequência do atraso da linguagem, que pode manifestar-se por atraso, ou, até mesmo, pela ausência de fala, em alguns casos.

É muito comum que, dentre as diversas manifestações clínicas, as atipias de respostas aos estímulos verbais e não verbais, sejam o primeiro sinal a chamar a atenção dos pais ou cuidadores.

A falta de participação em conversações, associada às reações inconsistentes aos sons, faz com que a surdez seja a suspeita inicial.

Estudos realizados na Universidade Federal de São Paulo em 2009, apontam que 62,96% dos pais de crianças com transtorno do espectro autístico (verbais ou não), suspeitaram inicialmente de perda auditiva, em virtude dos comportamentos acima descritos. A deficiência auditiva constitui um dos principais diagnósticos diferenciais do transtorno do espectro autista e é muito comum ser a primeira suspeita dos pais.

Em estudo pioneiro verificou-se que 80% dos casos diagnosticados posteriormente, como Autismo Infantil, apresentavam como suspeita diagnóstica inicial a deficiência auditiva.

Por esse motivo, crianças sob investigação diagnóstica para transtornos do espectro do autismo (TEA), devem necessariamente realizar avaliação audiológica completa, para estabelecimento do diagnóstico diferencial.

O impacto na vida do indivíduo portador desta patologia, assim como na vida da família, pode ser devastador. O diagnóstico diferencial e a intervenção precoce, com a adequada recomendação para o tratamento com profissionais especialistas em TEA, são as formas mais eficazes de minimizar esse impacto, reduzindo as consequências.

Em caso de dúvida procure um especialista. O diagnóstico diferencial pode envolver diferentes especialidades e uma equipe multidisciplinar, dentre eles Neurologista, Foniatra, Otorrinolaringologista, Neuropsicólogo, Fonoaudiólogo, para elucidação do quadro e busca pelo diagnóstico diferencial.

 

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Raquel Munhoz, CRFa 2-5488
Fonoaudióloga Especialista em Audiologia Clínica pelo Cediau e Responsável Técnica no Núcleo de Audiologia
Título de Especialista em Audiologia pelo CFFa 2079-03

 

REFERÊNCIAS
1. Cohen H, Rémillard S. Autism and Asperger’s Syndrome: a spectrum of disability. In: Brown K, editor. Encyclopedia of Language and Linguistics. 2nd ed. Oxford: Elsevier; 2006. p. 617-21.         
2. Perissinoto J. Histórico do autismo. In: Perissinoto J, organizador. Conhecimentos essenciais para atender bem a criança com autismo. São José dos Campos: Pulso Editorial; 2003. p. 15-9.         
3. Schopler E, Mesibov GB, editors. High-functioning individuals with autism. New York: Plenum Press; c1992.

 

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