Projeto “Núcleo em Comunicação com Você”
O Insight
Nesse período de distanciamento social, todos sofremos muito com a perda das nossas conexões diárias com as pessoas que convivíamos na família, no trabalho e lazer. Desde o início da pandemia, procurei observar com um olhar muito cuidadoso, pensando sobre o que isso poderia acarretar nos nossos pacientes com deficiência auditiva, sobretudo nos mais idosos, que foram obrigados a permanecer sozinhos em suas casas.
Certa de que eles sofreriam um grande impacto em sua comunicação, como resultado desse distanciamento, do uso de máscaras e da comunicação por meio de dispositivos eletrônicos, senti necessidade de encontrar novas estratégias e criar novos canais de apoio.
Empatia
A pessoa idosa com dificuldade de audição, distante de seus familiares e precisando comunicar-se mais por meio de telefone, WhatsApp, vídeo chamadas entre outros dispositivos eletrônicos, enfrenta novas barreiras na sua comunicação. O distanciamento, muitas vezes transformou-se em isolamento social. O cuidado necessário e excessivo de um lado para mitigar a contaminação do coronavírus, traria certamente novos riscos de outro lado, não menos importantes.
A privação do contato com a família e do exercício de suas atividades profissionais e sociais, somada à falta de uma correta estimulação auditiva, de linguagem e cognitiva, que se dá principalmente por meio da comunicação verbal e social, escancarou as portas para a entrada de outras doenças, tais como a depressão, comprometimentos de memórias, falhas cognitivas e neurológicas.
Comunicação e Estimulação Cognitiva
Refletindo muito sobre os impactos negativos que o isolamento social e a falta de uma boa e frequente comunicação, entre os idosos, seus familiares e amigos, teriam sobre seu comportamento social, na sua saúde emocional e na manutenção de suas habilidades auditivas, comunicativas e cognitivas, idealizei mais uma ação de comunicação.
O Projeto
O “Núcleo em Comunicação com você” teve como propósito inicial fortalecer o elo entre a nossa equipe, as pessoas que reabilitamos, e principalmente, com seus familiares, muitas vezes distantes do processo de reabilitação. Decidi que precisaríamos criar um novo canal de comunicação com eles, com seus filhos, netos, familiares e cuidadores. Nossa equipe aderiu prontamente à minha ideia e realizou! Todas mobilizaram-se iniciando contatos diariamente, mostrando-se presentes, disponíveis e para tranquilizá-los sobre a manutenção de nossos serviços presenciais emergenciais e on-line.
Iniciamos uma força tarefa fazendo também contatos com filhos, netos e cuidadores, com o intuito de orientar e reforçar sobre a importância dele manterem essa conexão entre si, pois isso seria imprescindível com o idosos, para manter seu cérebro ativo, e, através da comunicação, zelar pela sua saúde emocional.
Nesses contatos com eles para uma conversa informal, usamos a comunicação amorosa, para fortalecer a nossa conexão. Ligamos para saber como eles estavam passando, colocarmo-nos à sua disposição, falamos sobre como eles eram importantes, mostramos que poderiam contar conosco e reforçamos que, embora precisássemos nos manter distantes fisicamente, estaríamos muito próximos e presentes, mantendo nosso compromisso com o seu tratamento e seu bem estar.
Foram muitos telefonemas, mensagens de WhatsApp, vídeo chamadas, teleatendimentos, num trabalho ininterrupto, em que nós envolvemos suas famílias no processo comunicativo, para mantermos um contato próximo, ainda que à distância.
Nessas conversas desenvolvemos a nossa escuta ativa e compreensiva, ouvimos muitas histórias, contamos as nossas novidades, trocamos receitas e experiências, compartilhamos nossos sentimentos e percepções sobre momento inédito é tão difícil, com os nossos pacientes, usuários aparelhos auditivos, que estiveram sedentos por comunicação e muito gratos pelos nossos contatos.
Nossas Dicas para Familiares e Cuidadores
Distanciamento sim, Falta de Conexão não!!
Proteja seus idosos, mantendo o distantanciamento social, sem deixar enfraquecer, ou mesmo, se perder o elo afetivo-emocional. Mesmo distante, é imprescindível manter a proximidade e a conexão com eles.
Cuidar do cérebro nos dias de recolhimento social é também primordial para a saúde de todos nós, sobretudo para a saúde dos idosos, para que eles possam passar por esses longos dias de enfrentamento da pandemia, acompanhados e em equilíbrio.
O nosso cérebro é fundamentalmente social e precisa da conexão humana, para manter-se ativo. As pessoas precisam ficar
conectadas e inseridas, não isoladas emocionalmente.
Idosos, particularmente, precisam dessa atenção redobrada, devendo manter a conexão com pessoas, mesmo que à distância.
O laço afetivo emocional faz com que eles mantenham suas emoções sendo ativadas, por sentirem-se queridos, protegidos e úteis.
A interação e a comunicação entre as pessoas é uma das excelentes formas de manter o cérebro funcional. Conversar requer muitas de suas conexões e estende a capacidade do cérebro em manter-se ativo cognitivamente.
Pessoas com deficiência auditiva, sem estimulação, têm cinco vezes mais riscos de desenvolver demência. Garantir que elas tenham acesso às informações acústicas, com uso adequado de aparelhos auditivos ou implantes cocleares e proporcionar estimulação das vias auditiva e áreas corticais responsável pela linguagem, atenção, memória e cognição, por meio da interação humana, minimizam muito os riscos desse impacto.
Investir frequentemente um tempo numa boa conversa, travar um diálogo gostoso, envolvendo a pessoa idosa no bate papo, são pílulas diárias para mudar o futuro do cérebro do idoso.
Treinar a “escutação”, que é a ação de escutar, e as diferentes habilidades de escuta, a escuta relaxada, a escuta perspicaz ou a escuta compreensiva é também uma grande oportunidade para você melhorar a sua comunicação e abrir portas para novas conquistas.
Um bom diálogo, com uma comunicação genuína e amorosa, enriquece a sua experiência e fortalece a relação com seus entes queridos.
O idoso muitas vezes só precisa desabafar e você pode oferecer uma escuta acolhedora. Ouvir e escutar suas mazelas, com entrega e sem julgamentos, deixando claro que você está ali, presente e disponível para o que quer que aconteça.
Dedique um tempo do seu dia, faça uma ligação, uma chat ou uma vídeo chamada. Converse, interaja, conte uma história para a pessoa e envolva-a na sua história, escute as histórias dela, relembrando-a de passagens boas, compartilhando suas emoções e contando as novidades positivas.
Peça sua ajuda, dicas para receitas culinárias, conselhos e sua opinião para as suas decisões, apoio em suas atividades diárias e faça-o sentir-se querido e útil.
Mostre seu respeito e afeto, confesse o quanto aprende com ele, faça-se presente e declare seu amor. Conversar vai manter as emoções ativas e estimular novas conexões no idoso.
O nosso cérebro é plástico e pode se transformar, criando novos caminhos em qualquer idade, para ele não há fronteiras, se houver conexões.
A sua dedicação diária e o investimento de um tempo para interagir com seus idosos, pode mudar o destino do cérebro da pessoa no envelhecimento.
Competências como Memória, Atenção, Foco, Velocidade de processamento e de reposta podem ser estimuladas dessa forma e de muitas outras maneiras lúdicas.
Seguem aqui algumas dicas sobre as diversas formas de potencializar recursos do cérebro.
1- Incentive o idoso a avaliar sua audição e a usar corretamente seus aparelhos auditivos. 70% das pesssoas com mais de 65 anos têm algum grau de perda auditiva.
2 – Proponha a ele que faça atividades diferentes.
– Ouvir a TV no menor volume possível para entender ou que coloque um som competitivo, uma música junto.
– Incentive-o a ouvir histórias,
Audiobook ou Podcasts.
– Proponha jogos de memória, stop, jogos de palavras, sudoku, quebra-cabeças, jogo de paciência, damas, xadrez
– Conte Histórias
– Convide-o a conhecer o site www.afinandoocerebro.com.br
– Convide-o para fazer o treinamento auditivo musical http://www.treinamentoauditivomusical.com.br
Raquel Munhoz, CRFa 2-5488
Fonoaudióloga Especialista em Audiologia Clínica pelo Cediau e Responsável Técnica no Núcleo de Audiologia
Título de Especialista em Audiologia pelo CFFa 2079-03
Referências:
Claudia, Cotes – Mídia Training na UOL
Doutora em Linguística.
Mestra em Fonoaudiologia.
Especialista em Voz.
Fonoaudióloga da EPTV – Campinas – emissora afiliada da Rede Globo há 21 anos. Responsável pelas áreas de Jornalismo, G1 e Entretenimento.
Fonoaudióloga do UOL – (Notícias, Entretenimento, Esporte) há 8 anos.
Coach de Comunicação.
Palestrante em Media Trainings há mais de 15 anos.
Graduada em Letras-Português e Fonoaudiologia.
Autora de mais de 10 livros infantis.
Roteirista.
Professora-convidada para aulas via web, na Communication Academy – Antonio Sacavém (Lisboa).
Criadora do Curso OnLine: Fala e Atitude. www.falaeatitude.com.br
Ingrid Gielow – Co-Fundadora e CEO na Pro-Brain
Fonoaudióloga graduada pela Universidade Federal de São Paulo (1989), mestrado em Distúrbios da Comunicação Humana (Fonoaudiologia) pela Universidade Federal de São Paulo (1997) e doutorado em Distúrbios da Comunicação Humana (Fonoaudiologia) pela Universidade Federal de São Paulo (2002). É professora do Centro de Estudos da Voz e da Fundação Getúlio Vargas (FGV Management). Tem experiência na área de Fonoaudiologia, atuando principalmente nos seguintes temas: voz, distúrbios da voz, processamento auditivo central, acústica, laringectomia e cirurgias de cabeça e pescoço e distúrbios da deglutição. É consultora e assessora em Comunicação Humana e ministra treinamentos corporativos em Competência Comunicativa. (Fonte: Currículo Lattes)
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