É possível, avaliar a audição de crianças menores de 3 anos?
Sim, é possível!
Existem vários métodos de avaliação da audição, sejam eles objetivos ou subjetivos.
Dentre os métodos objetivos temos:
Emissões Otoacústicas (Teste da Orelhinha)
O método mais eficaz de Triagem Auditiva Neotal é a pesquisa das Emissões Otoacústicas (EOA), que deve ser realizada em todo recém-nascido, ainda na maternidade. Esse é um exame objetivo, rápido e não invasivo, com a função de detectar a presença ou não da perda auditiva.
PEATE – Potenciais Evocados Auditivos de Tronco Encefálico (BERA)
O PEATE é um método que se baseia nas respostas eletrofisiológicos, importante e objetivo para verificar o funcionamento e integridade das vias auditivas. Auxilia no processo diagnóstico da perda auditiva, assim como fornece dados importantes para o processo de adaptação de prótese auditiva e para a reabilitação do bebê com perda auditiva. Pode ser realizado em qualquer idade, desde recém-nascidos até idosos.
Dentre os métodos subjetivos temos:
Avaliação Audiológica Comportamental
A avaliação audiológica comportamental é complementar aos exames objetivos (EOAs e PEATE). Consiste na observação das respostas e reações da criança na presença de estímulos acústicos com instrumentos musicais, em situação controlada. É de grande valia e auxílio para o diagnóstico, especialmente com crianças de até 3 anos de idade. Deve ser feita na presença dos pais ou cuidadores e por dois fonoaudiólogos de forma que ambos estabeleçam juntos concordância nos padrões de respostas mais consistentes e sistemáticos apresentados pela criança.
Avalição Audiológica Infantil Condicionada
O sistema auditivo periférico pode ser avaliado por meio da Avaliação Audiológica Básica, que é feita em geral, à partir dos 03 anos de vida. Entretanto,
algumas crianças, são capazes de responder ao exame, mesmo antes dos 3 anos de vida.
O teste é realizado em cabina acústica, por meio do audiômetro e imitanciômetro devidamente calibrados. Essa avaliação irá detectar a existência ou não de perda auditiva, além de estabelecer o tipo e do grau da alteração.
O exame é feito com a criança sentada no colo da mãe (ou cuidador), ou mesmo sozinha, dentro de uma cabina com isolamento acústico, com fones de ouvido.
A criança é condicionada a apresentar respostas motoras, na presença do som. A forma de resposta deve ser adaptada às capacidades cognitivas e motoras de cada criança.
É comum a utilização de brinquedos de encaixe, entretanto as respostas podem ser obtidas de outras formas, quando a criança é ainda muito pequena (antes dos 4 anos) ou possui múltiplas deficiências que a incapacitam realizar esse ato motor para o encaixe (ex.: bater palmas, sorrir, piscar, movimentar membros ou a cabeça, dentre outros…)
A audiometria infantil deve ser feita preferencialmente por dois fonoaudiólogos, a pedido de um médico otorrinolaringologista ou pediatra.
Audiometria de Reforço Visual (VRA).
A Audiometria Infantil também pode ser feita por meio de Reforço Visual. Indicada para bebês à partir de 06 meses e crianças de até 4 anos, que não conseguem responder de outra forma. Esse exame é também conhecido como VRA ou Peep Show.
Essa é uma das principais técnicas comportamentais utilizadas para avaliar a sensibilidade auditiva em crianças pequenas. O procedimento tem como princípio o condicionamento da criança por meio de apresentação do estímulo sonoro associado a um sinal visual luminoso, de forma que no momento em que a criança procura a fonte sonora, o examinador oferece um estímulo visual como reforço. Quando realizado por via aérea (com fones) e por via óssea (com vibrador), esse método auxilia na identificação do tipo da perda auditiva. Essa forma de avaliação é confiável, à partir dos seis meses de vida, sendo também necessário o princípio de cross-check com outros métodos de avaliação, tais como Potenciais Evocados Auditivos (PEA) por frequência específica para conclusão do diagnóstico audiológico.
É importante que os profissionais realizem a adaptação da criança ao uso de fones de ouvidos, o quais nem sempre são bem aceitos, quando ela é tão pequena. Para condicionar as respostas de uma criança com menos de 03 anos, utilizamos técnicas lúdicas, de forma a envolvê-la, com o objetivo de estabelecer um padrão motor de resposta, na presença de tons puros.
É importante que fonoaudiólogos sejam experientes na avaliação infantil e tenham concordância na avaliação das suas respostas, que devem ser consistentes e sistemáticas, para que sejam consideradas na avaliação audiológica infantil.
A avaliação é feita em várias sessões e a repetição do teste é muito importante, com intuito de confirmar as respostas.
A monitorização da audição da criança também é uma prática essencial, sobretudo quando há fatores de riscos para a surdez.
Raquel Munhoz, CRFa 2-5488
Fonoaudióloga Especialista em Audiologia Clínica pelo Cediau e Responsável Técnica no Núcleo de Audiologia
Título de Especialista em Audiologia pelo CFFa 2079-03
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